Uma Primavera Cultural...
dezembro 26, 2013
Uma Primavera Cultural
Casa da Cultura Jonas&Pilar - Sede do Instituto Macuco Jequitibá |
Com menos de
dois anos de funcionamento, o Instituto Macuco-Jequitibá através da
Casa Jonas&Pilar tem conseguido com pequenas ações melhorar a
combalida autoestima da população de Buerarema. Nossa Primavera Cultural
foi um sucesso. Um sucesso porque fizemos tudo modestamente em
cooperação uns com os outros.
Foi um pequeno segmento da
comunidade que desejou realizar algo para melhorar nossa autoestima: os
artistas e a família de Marcelo Ganem que deu a casa e custeou sua
manutenção. Os artistas "compraram" a briga e venceram o primeiro round. A tendência é que a crista se levante novamente. E essa vitória será por nocaute.
A
sede (Casa de Cultura Jonas&Pilar) no centro de da cidade ainda não
foi inaugurada, mas funciona provisoriamente com atividades artísticas,
cursos, oficinas, aulas e ensaios. Enquanto se espera que o projeto
de reestruturação do velho casarão seja elaborado por algum generoso
engenheiro ou arquiteto (Buerarema possui muitos), o Instituto
Macuco-Jequitibá tem proposto uma linha de ação que deixará marcas
na mentalidade dos Bueraremenses. Conceitualmente rechaçamos a política
de inócuos eventos para investir em ações estruturantes capazes de
ajudar a ampliar o horizonte de população que ainda vive atônita,
isto é, sem uma alternativa segura para a crise que se abateu logo após
o advento da vassoura-de-bruxa. Importante é o que fica, o que deixa
sementes, o que permite que as sementes germinem e se transformem numa
floresta até a gente ter que, novamente, pedir licença pra andar dentro dela.
Curso Sebrae |
Em
2013, em curto período, já abrigamos uma oficina para melhorar alguns
aspectos da gestão, ministrada pelo Sebrae.
Outra oficina para
incrementar a formação de artistas de teatro, cujo resultado foi visto
com a leitura do texto As Feministas de Muzenza, de
Haydil Linhares e Cleise Mendes. Ajudou a reativar o grupo de teatro A
Tribo e abriu as portas da instituição para que ele se transformasse em
grupo residente, assim como o Black Dance.
Apresentação da Leitura Dramática "As Feministas de Muzenza" |
Os artistas
necessitam de exercício continuado sem cobranças de resultados. Para
atingir o objetivo de apresentar resultado é preciso que eles possuam um
território onde possam ensaiar, se reunir, exercitar a possibilidade
criativa.
E, rapidamente, o grupo a Tribo remontou o espetáculo
Retalhos que, novamente, foi um grande sucesso de público.
Generosamente, a renda do espetáculo foi revertida em benefício da
compra de cadeiras para o próprio teatrinho da casa.
Peça Retalhos - Grupo A Tribo |
Por fim,
novamente na linha do estruturante, o Instituto Macuco-Jequitibá propôs
a Secretaria de Educação do Município - e a SEC aceitou imediatamente -
a realização de uma oficina para formação de contadores de
histórias com um professor especialista oriundo das hostes da Faculdade
de Educação da UFBA.
Oficina de Multiplicadores de Leitura com professores |
O grande objetivo é contribuir para deixar pelo
menos 10 contadores de histórias dentro da rede pública municipal de ensino e, finalmente, a leitura ganhar o status de instrumento pedagógico para contribuir para que os estudantes despertem a demanda pelos livros e construam novos mundos dando asas à imaginação.
Enfim,
o Instituto Macuco-Jequitibá em 2013 conseguiu produzir uma série de
notícias positivas para Buerarema. A rigor, foi o Instituto
Macuco-Jequitibá que produziu nos jornais regionais as únicas manchetes positivas
do anos de 2013. Esse fato parece modesto, mas todos devem comemorar. O
que a história neste momento está registrando é um renascimento da
antiga positiva autoestima que havia em Buerarema.
E era essa
autoestima que produzia atividades extraordinárias como a Filarmônica de
"seo"Praxedes, a excelência musical de mestre Alcides, a nossa expertise em produzir carros alegóricos ambicionados por outras
cidades regionais. E quando chegava a época do Natal a cidade se enchia
de presépios de elaboração esmerada que mereciam visitação de quase
toda população. Nada disso deve voltar pois pertence ao passado.
Os tempos são outros. A lembrança vem para que haja o espírito da mudança.
Na
primeira semana de dezembro, o teatrinho da Casa Jonas&Pilar com o
apoio o grupo A Tribo (que emprestou seus refletores e parte do cenário)
trouxe José Delmo com o espetáculo O Contador de Histórias. E,
novamente, o público prestigiou. Que cidade é essa que tem
sede de arte e ninguém matava a sede dela?
Começamos, como fizemos em
meados dos anos 70 (eu, Gilda Lins, Maria Helena Cardoso, Marcelo Ganem,
Carlos Albérico, Jidebaldo Souza, Ramon Vane, Marialda Silveira,
Valdeci Aranha e tantos outros cujos nomes o tempo não me
permite lembrar com precisão, a idade, a idade….) a matar a matar essa
sede. Nossa cidade é uma comunidade que ama a arte. A arte é um veículo,
um vetor para muitas possibilidades, inclusive o viés econômico.
Nós, agora, precisamos descobrir a economia que a arte movimenta e
investir nela sem a sensação de que estamos jogando dinheiro fora.
É
pouco, claro, porque a ambição do Instituto Macuco-Jequitibá é imensa.
Estamos pensando em como fazer uma intervenção para salvar nosso rio da
inanição absoluta.
É urgente que Buerarema ganhe um plano estratégico de saneamento para que os esgotos saiam de dentro do histórico rio Macuco.
A população precisa tomar consciência do crime que ela comete cada vez que aciona a descarga do sanitário.
E
a reprodução das orquídeas para que o patrimônio natural não seja
depredado? Vamos contar com a expertise de Sidney Marçal que já colocou seu
conhecimento à disposição. E temos em mentes as trilhas ecológicas, e
ainda a utilização da BR-251 (Buerarema-Pontal) como um corredor ecológico,
um lugar para passeios, para turismo, um lugar para o Bueraremense se
orgulhar de ter e poder mostrar a qualquer visitante.
E nas áreas de cidadania? Sim, nossa escolinha de futebol ainda é sonho, nossas oficinas para implementar ações que favoreçam ao pequeno
empreendedor com fábricas de doces, artesanato. Vamos provocar, trazer
cursos, oficinas, vamos cobrar da população muito mais até do
que dos políticos. É chegada a hora da sociedade tomar a
responsabilidade para si e nunca mais transferir a responsabilidade para o outro. Sim, nós podemos!
Gideon Rosa
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