O Festival Literário Sul - Bahia faz nascer uma Primavera Literária
outubro 07, 2020O Festival Literário Sul -Bahia (FLISBA) ocorreu entre os dias 24 e 26 deste mês e inaugurou a estação das flores e veio promovendo uma “ Primavera Literária” como estampou em seu tema. Além das flores que chegaram, o FLISBA apresentou diversas discussões sobre literatura, o acesso ao livro e à leitura, bem como os desafios da produção literária no sul da Bahia. O evento vai se transformando em um movimento em defesa da literatura e do acesso à leitura.
O festival foi
realizado por meio das redes sociais, especialmente, do canal do Youtube -
Festival Literário Sul-Bahia. Foram seis mesas de discussões, além da mesa de
abertura e de outros momentos que estabeleceram
uma sintonia com diferentes linguagens artísticas, envolvendo artes plásticas,
música, cinema e teatro.
O FLISBA foi organizado
em tempo recorde, os preparativos foram iniciados em 31 de julho deste ano e em
menos de dois meses o FLISBA estava ocorrendo nas redes sociais. Foi uma
semente que rapidamente floresceu dando frutos. Os organizadores são pessoas
que moram em diferentes cidades, mas todos e todas com origem no sul da Bahia. Algumas
pessoas envolvidas na organização do evento estão morando fora do sul da Bahia,
como o escritor Geraldo Lavigne de Lemos e Sophia Sá Barretto, que estão
morando, respectivamente, em São Paulo e em Portugal.
A abertura do FLISBA (24/09)reuniu
três academias de letras do sul da Bahia: Academia de Letras de Itabuna
(ALITA), Academia de Letras de Ilhéus
(ALI) e a Academia de Letras e Artes de Canavieiras. A presidente da ALITA, Silmara
Oliveira, sintetizou e disse o que representava o evento como “o encontro da literatura em
primeiro lugar, proporcionado pelo FLISBA, que representa o pensamento assim de
muitas pessoas atenadas na arte, cultura e conhecimento. É vasto o mosaico de
poetas, ficcionistas, contistas ensaístas da região sul da Bahia.”.
Ainda na mesa de
abertura, a emoção foi marcada pela homenagem do FLISBA ao Teatro Popular de
Ilhéus (TPI), representado por Romualdo Lisboa, que foi surpreendido com o
aparecimento repetino de Amaurih Oliveira, um dos atores que passaram pelo
grupo Teatro Popular de Ilhéus e mora atualmente na cidade do Rio de Janeiro e
pelo ator Thiago Carvalho, que mora em Salvador e pertence ao grupo de Teatro
Finos Trapos. O representante do grupo Finos Traposingressou durante a mesa
para registrar a importância do TPI para as artes na Bahia e no Brasil. O Grupo
Finos Trapos fez residência na Tenda do TPI em Ilhéus.
Em seguida, teve uma
mesa que abordou os centenários de João Cabral de Melo Neto e Clarice
Lispector. A mesa foi mediada pelo professor Ramayana Vargens e teve exposições
de Aurora Souza, Raquel Rocha e Gideon Rosa. A mesa foi simbólica. Teve-se um
encontro de gerações, assim como do encontro do teatro com a literatura e com o
cinema. Foram mais de duas horas de análises.
No final da tarde foi
realizado o Slam Sul da Bahia, que trouxe o estilo da poesia falada e reuniu
jovens de diferentes cidades do sul da Bahia.
O vencedor do Slam Sul Bahia foi
Daniel Felipe, o “Ladrão de Livros”, que circula nos ônibus declamando poesias
no sul da Bahia. A sensação deixada é que os jovens gostam de poesia e a poesia
pode ser usada como um instrumento pedagógico para diferentes áreas. O segundo
lugar foi ocupado por Marília Martins , de Eunápolis e a terceira posição por Robert Araújo ( MC
Roty), de Potiraguá.
Para Magnus Vieira, um
dos organizadores do FLISBA, além de ser estudante e gestor cultural, “ Slam
Sul Bahia é um elemento de valorização da diversidade do fazer poético, tendo
em sua essência a acessibilidade da literatura. Nasce no Flisba, o desejo de
renovação e inovação, por isso o slam chega para ficar e agregar valor à
cultura literária sul baiana”.
Pela noite do primeiro
dia, o debate girou em torno da “Literatura
e Meio ambiente”. Muita emoção com a abertura da mesa com a música “ Serra do
Jequitibá” cantada e composta por
Marcelo Ganem, que foi acompanhada pelos seus toques maestrais no violão. A
mesa foi medida por Tácio Dê e contou ainda com as presenças dos escritores
Pawlo Cidade, Walmir do Carmo e Ruy
Póvoas. Foi uma mesa que mesclou passado e presente, tonando as exposições
interdisciplinares.
Para Walmir do Carmo,
um dos escritores presentes na mesa,
foram abordadas “as questões ligadas ao meio ambiente e literatura,
citando nomes nacionais que inserem o meio ambiente nos seus escritos a exemplo
de Euclides da Cunha, Euclides Neto, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Cyro de
Matos. A mesa foi compartilhada com as canções de Marcelo Ganem que são
verdadeiras pérolas de louvação à natureza.”
O segundo dia, 25/09, foi marcado pelas discussões sobre os “Desafios e possibilidades da produção literária na
Região Sul da Bahia” com mediação de Cláudio Zumaeta e exposição de
Gustavo Felicíssimo, representando a Editora Mondrongo; Ivan de Almeida, Cogito Editora; Marcel Santos,
responsável pela Editora A5 e Romualdo Lisboa , liderando a Editora do TPI. Marcel Santos propôs uma maior aproximação
das editoras e sugeriu uma plataforma para a comercialização.
Ao cair da tarde de sexta-feira, primeiro
fim de semana de primavera, foi exibido o documentário “Cacau
para sempre”, da cineasta Raquel Rocha. O documentário fez uma
defesa do sistema cabruca enquanto estratégia de preservação da vegetação
nativa, bem como sinalizou para a estruturação da civilização do cacau.
Pela noite, já na quarta mesa, o
debate foi sobre “Literatura e as novas Mídias”.Sophia Sá Barretto conduziu a
mediação de Portugal e os expositores foramFabricio Brandão, Igor Luiz,
Indy Ribeiro e Roger Ferreira. Indy Ribeiro durante a sua abordagem
apresentou, ao vivo, a sua avó que
declamou poema. A mesa deu voz ainda a Roger Ferreira, do distrito de
Taboquinhas em Itacaré. Igor Ferreira falou de Coaraci e Fabrício Brandão,
editor da Diverso Afins evidenciou o papel das redes sociais para a literatura.
A mesa bem que poderia ser compreendida como uma metáfora, pois, nada melhor
que tratar de literatura e redes sociais em um evento que surge no contexto
virtual.
Ainda não tinha acabado o segundo
dia do FLISBA, os organizadores e os participantes foram vivenciar o SARAU, cuja
parte da programação teve lançamento de diversos livros; apresentação do
espetáculo “Teodorico Majestade – a última live de um prefeito” do Teatro
Popular de Ilhéus; e por fim, diversas poesias foram sendo apresentadas por
poetas de diferentes cidades do sul da Bahia.
O
terceiro e último dia do FLISBA (26/09) foi marcado pela mesa de escritores
regionais, que mediada por Anarleide Menezes, os poetas foram declamando poemas
e tendo seus poemas declamado por Anarleide Meneses. Foi uma mesa composta
pelos escritores regionais e com forte
presença feminina:Clarissa Melo, Geraldo Lavigne, Heitor Brasileiro, Iolanda
Costa, Lia Senna e Luh Oliveira. Uma mesa que com diversas abordagens
demonstrou a universalidade da escrita do sul da Bahia.
A
programação do FLISBA teve ainda o “ Momento Artes Plásticas”, que reuniu a
exposição de algumas telas da escritora Jane Hilda Badaró e comentários de
Anarleide Menezes que exerceu a curadoria do momento.
Em
seguida, dois grandes escritores da literatura do cacau foram trazidos à baila,
Jorge Amado e Adonias Filho. A mesa foi medida pelo professor André Rosa e presidente
da Academia de Letras de Ilhéus e teve as apresentações de Daniel Thame,Raymundo Sá Barretto, Ramayana Vargens e Silmara Oliveira.
O
FLISBA foi encerrado com um misto de saudade
no Teatro Candinha Dórea. O encerramento coube ser conduzido por Sheilla
Shew e Tácio Dê, que foram conduzindo as apresentações da noite. Teve a
performance de Walmir do Carmo, a apresentação musical da dupla Silvano e Carla
e da banda Negras Perfumadas. A noite foi um encontro do teatro com a poesia e
com a música.
Para
Carla Valéria, “participar da primeira edição do Festival Literário Sul Bahia
para nós da dupla Silvano e Carla foi de uma honra e emoção inexplicáveis.
Mesmo sendo totalmente online, o sentimento era de um teatro lotado e cheio de
amor” concluiu a cantora.
O
FLISBA também teve uma programação infantil mediada por profissionais que atuam
com a literatura infantil. Foram realizadas oficinas e momentos de contações de
estórias com a professora e poeta Cátia Hughes;
professor e ator Jorge Alessandro; professora Mírian Oliveira e Tia
Carina Martins.
Apesar da constante
instabilidade da rede de internet, o FLISBA foi visto por mais de três mil
pessoas e toda a programação prevista foi realizada. O FLISBA nasceu como
evento, mas tem prospectado uma atuação permanente para discutir e implementar
ações na área da cultura, especialmente, na literatura e no acesso à leitura e
a preservação da memória. Entre as ações do Coletivo estão programados o
lançamento do e-book primavera literária na próxima semana; a articulação de um e-book para o Slam Sul
Bahia, a realização de lives, o lançamento de uma Carta Compromisso com a
literatura e com o acesos à leitura,
oficinas entre outras ações que estão sendo programadas.
Mesa
“Literatura e meio ambiente” – Escritores Ruy Póvoas, Pawlo Cidade e Walmir do
Carmo e o músico Marcelo Ganem.
Tácio
Dê e Sheila Shew, organizadores do FLISBA e apresentadores do encerramento da
primeira edição do FLISBA
A
dupla Silvano e Carla cantando no encerramento do FLISBA.
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