Desde abril desse ano de 2020 estamos tentando transferir a experiência de participar de uma sessão no Cineclube da Casa de Cultura Jonas e Pilar para o espaço online. Fizemos várias vivas (lives) comentando filmes que nos afetam, com convidados ou sem e recentemente passamos a fazer transmissão de curtas pelo instagram. Em outubro finalizamos essa temporada de programações semanais mas ainda teremos encontros pelo cineclube, em datas pontuais, uma vez por mês.  Nesse post quero compartilhar sobre a inspiração para este quadro, o texto “Notas sobre a experiência e o saber da experiência” de Jorge Larrosa Bondía.

Bondía (pedagogo) começa esse texto apresentando uma dicotomia entre os partidários da educação como ciência aplicada e os partidários da educação como práxis política e apresenta uma terceira percepção a partir do par experiência/sentido.

A definição básica de experiência é o que nos passa, acontece ou toca. Não simplesmente o que acontece, mas o que nos acontece, a maneira e a força como as coisas nos atravessam.

“O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação; cada vez sabe mais, cada vez está melhor informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber o que consegue é que nada lhe aconteça.”

“Nós somos sujeitos ultra-informados, transbordantes de opiniões e superestimulados, mas também sujeitos cheios de vontade e hiperativos. E por isso, porque sempre estamos querendo o que não é, porque estamos sempre em atividade, porque estamos sempre mobilizados, não podemos parar. E, por não podermos parar, nada nos acontece.”

Como num mundo cego por excesso de luz é vital filtrarmos os excessos cuidando de nosso tempo. Experimentar coisas sem pré-julgamentos, sem pressas nem moldes. Estar realmente presentes aonde escolhemos estar. A arte que procuramos fruir e promover no cineclube demanda muito desse tipo de presença e abertura.

Seguimos sempre juntes! 

por Lucas Rosário